quarta-feira, 4 de agosto de 2010

De fé

Ele: ‎"A fé idólatra eleva coisas passageiras e finitas à categoria de incondicionais." Paul Tillich

Ela: O que seriam essas coisas passageiras e finitas?

Ele: Qualquer coisa passageira e finita...qualquer anseio cuja realização se mostre vazia de significado...por exemplo, sucesso financeiro ou a concepção hollywoodiana de felicidade ou justiça (lembrando o Caio Fábio). Mas pode ser até uma concepção de deus! por exemplo...o Deus do Silas Malafaia cujas promessas (se forem realizadas) mostrariam os seus vazios!

Ela: Acredito que somos persuadidos diariamente por essa idolatria como se fosse a única coisa que temos a fazer aqui nesse mundo. 

Ela: Você acha que o vazio, nesse caso, é algo que, paradoxalmente, pode nos salvar dessa idolatria por coisas passageiras e finitas?

Ele: É...somos persuadidos diariamente por essa idolatria. Existem muitas realidades forjadas e muitos meios de legitimação delas, para que as consideremos como realidades, como verdade. Em outras palavras, são muitos os mecanismos que nos levam a enxergar as coisas como enxergamos (inclua entre essas coisas a nossa identidade). Sobre a segunda pergunta, o vazio, nesse caso, não é o que nos salva dessa idolatria. Nesse caso vazio é o resultado dessa fé idolátrica. A realização da promessa dessa fé é vazia, sem significado. No fim é o nada e a vida é anulada. O vazio não nos salva de nada, ele mesmo não tem significado (é vazio!), o que nos salva é o conteúdo com o qual o preenchemos. Salvos se preenchemos com os conteúdos da fé legítima (o justo viverá pela fé) ou perdidos se preenchemos com os conteúdos enganados da fé idólatra (jesus me deu dois carros depois que participei da campanha do Malafaia).

Ela: Penso que o vazio que sentimos, quando damos a essas coisas um valor diferente do que elas realmente deveriam possuir, pode nos levar a uma busca por uma" água da qual beberemos e não seremos mais sede" ou simplesmente a reiterada busca dessas coisas, a reiterados vazios... viva o vazio pois enquanto ele existir há esperança!

Ela: Se essas coisas conseguissem nos satisfazer plenamente, aí sim estaríamos perdidos...vazio...nesse sentido

Ele: Entendo. O vazio nos leva a uma busca. Mas atribuir importâncias infinitas às coisas passageiras não nos leva ao reconhecimento desse vazio, ao contrário. O rico tem mais dificuldade de entrar no Reino por causa disso, ele está enganado com relação ao seu vazio. Está no vazio, mas não o reconhece.


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