quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Parábola do bom samaritano em duas linhas

Se a gente ler direito a parábola do bom samaritano (Lucas 10.25) vai perceber que o resumo do papo é o seguinte:

Pergunta: O que preciso fazer p/ herdar a vida eterna? 

Resposta: Tem compaixão do necessitado e torna-te o próximo dele.

Só isso...


hugo theophilo


5 comentários:

René 28 de outubro de 2010 às 13:48  

Acho que este resumo teria que ser revisto... Da forma que está, indica que obras podem levar à vida eterna.

No contexto da parábola, Jesus faz o intérprete da lei se colocar no lugar do homem assaltado. E o que fez aquele homem? Permitiu que o samaritano cuidasse dele e o salvasse. Aqui, parece que Jesus está Se auto-representando pelo bom samaritano.

Se assim for, o resumo seria: para herdar a vida eterna, entregue a sua vida ao Senhor, que Ele o levará pelo caminho que Ele quiser, da forma que Ele quiser.

A resposta à pergunta "quem é meu próximo" também estaria respondida aí: Jesus é o próximo e deve ser visto em todas as pessoas, afinal, Ele é o Cordeiro do sacrifício por todos. Isto é, de certa forma, confirmado em Mateus 25.35-40.

Quanto à compaixão que você colocou apropriadamente como um fator fundamental, nós a teremos, ao entregarmos nossas vidas inteiramente ao Senhor, porque o Espírito Santo nos encherá com ela, que é fruto do amor de Jesus.

Não seria um pouco mais coerente com o Evangelho?

Abração e Paz!

Hugo Lucena Theophilo 28 de outubro de 2010 às 19:34  

René,

Havia muitos "fazeres" que não eram frutos de íntima compaixão. Jesus está denunciando estes e reconhecendo os fazeres verdadeiros.

"Justiça própria" é precisamente o que Ele desmantela com esse "vai e faz..." do final da parábola.

Sobre levar o camarada a se colocar no lugar do assaltado, veja que a pergunta de Jesus leva o perito a se colocar no lugar do sacerdote e do levita, e não no lugar do homem caido.

A pergunta é: "Quem foi o próximo do homem caido?"

A resposta é: Aquele que agiu com misericórdia, ou seja, o Samaritano.

Então vai e faz o mesmo...faz como o Samaritano.

Dessa forma a obra de amor do herege foi elogiada e o perito na lei foi chamado a imitá-lo! Loucura né!?

Então a gente é que lê a parábola pensando que Jesus está dizendo "O homem caído é o teu próximo", mas Ele não diz isso.

Outra coisa, o homem assaltado é passivo...quase morto não está em condição de permitir nada...rsrs

"Quem é o meu próximo?" é uma das perguntas que Jesus não responde.

A conclusão da parábola é "Ninguém é o teu próximo. Próximo é quem se aproxima. Próximo foi o Samaritano."

Vai e faz o mesmo é dizer: "Pára de procurar quem é o teu próximo e aproxima-te de alguém, pois tu deves ser o próximo de alguém."

Sobre "ter-compaixão-depois-de-entregar-a-vida-completamente-ao-Senhor", não vejo essa lógica na parábola nem em Jesus. Muitos ateus têm compaixão!

abração

hugo

René 29 de outubro de 2010 às 09:48  

Sim, entendo bem a sua colocação.

Mas creio que a pergunta de Jesus "quem foi o próximo daquele homem" é uma referência direta à pergunta do intérprete sobre "quem é meu próximo". Assim, o intérprete teria que se colocar na estória, unindo as duas perguntas, e dizer: o meu próximo é Aquele que me salvou, no caso, Jesus, o Único que salva.

Quanto à compaixão, entendo que ela seja uma das virtudes do amor. Sem amor, não há compaixão. Se um ateu tem compaixão, pode ser efeito de Jesus já estar Se revelando a ele, sem que o saiba.

E vejo o semi-morto como uma representação de todas as pessoas, atingidas pelas dificuldades da vida, sendo levadas à morte em seu caminho solitário. Eis que, então, Jesus Se revela a elas, para curá-las e salvá-las. Mesmo à beira da morte, todas têm a possibilidade de ainda dizer que não querem Sua ajuda. Aquelas que recebem, verdadeiramente, esse amor de Jesus, passam a compartilhá-lo com os outros: "Assim como eu te perdoei aquela dívida toda, não deverias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo?" (Mateus 18).

Sobre o desmantelamento da justiça própria, uma vez que o fundo da parábola ainda é o "como herdar a vida eterna", o "vai e faz" seria uma confirmação da expectativa do intérprete, afinal, ele perguntou "o que deveria fazer" para alcançar isso. Ainda que Jesus aponte para a compaixão (e, normalmente, Ele o faz), os ouvintes tomariam esta resposta como uma questão meritória, coisa que Jesus sempre negou. Jesus aponta para a compaixão como um dos fatores que devem ser inerentes à pessoa que quer herdar a vida eterna.

Uma e outra conclusão dão um 'caldo' pra usarmos no nosso auto-exame diário da fé.

Abração e Paz!

Hugo Lucena Theophilo 29 de outubro de 2010 às 10:09  

René, repito, o perito não é levado a se colocar no lugar do assaltado e sim no lugar dos que passaram sem fazer nada e no lugar do que fez algo!

Não é uma estória sobre se perceber necessitado de socorro...não é sobre ser socorrido...é sobre socorrer.

A questão é sobre o fazer que vale (do herege samaritano) e sobre o fazer que não vale nada (desse sacerdote e desse levita).

Sobre os ateus é isso mesmo: "Quem ama conhece a Deus, quem não ama não conhece a Deus."

O resto é sistematização teológica que tem mais haver com religião do que com Jesus.

Fica na paz

René 29 de outubro de 2010 às 10:24  

Beleza! Vou voltar a estudar esse trecho! Depois, se for necessário, a gente fala sobre ele novamente. Valeu?

Abração e continue na Paz!

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