quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Milagres do mundo oposto - Parte 1

Amigxs...vocês ainda lêem algo com mais de duas linhas? rsrs. Aqui vai um breve e  relato de alguns milagres que nos acometeram nos últimos meses. Não qualquer milagre como aqueles mirabolantes de tv que só aprofundam as misérias, dependências, desigualdades e opressões. Com o início da pandemia vimos com surpresa a procura pelas nossas kombuchas aumentar. Pensando um pouco, eu atribui isso a três fatores: o primeiro foi um aumento da procura pelo delivery (que nós já fazíamos), a segunda foi um aumento da procura pelos tais probióticos e a terceira um aumento da procura por alimentos mais locais e menos sujeitos à enorme cadeia produtiva que, além de tudo, passou a ser veículo de transporte do vírus. Com esse aumento na produção das kombuchas, imediatamente a nossa estrutura foi colocada em cheque. O carro velho e surrado ficou também pequeno e parou de caber tudo o que produzíamos e entregávamos (pães de levain, ghee, kombuchas e algumas colheitas agroflorestais). Além disso, eu parei de ter tempo para dar conta de tudo. Então resolvi parar a produção de pães e de ghee para ter tempo de aumentar a produção de kombuchas e para abrir espaço no carro para elas. Faz 5 meses que não sou mais padeiro e passei a indicar os pães dos amigos Marco George do @ecositiojuazeiro e do Jorge @paodojorge 

Mesmo com essas alterações, logo faltou espaço no carro novamente e faltou energia no corpo para fazer tudo e ainda passar 9 horas dirigindo para fazer as entregas na cidade toda. Meu amigo Davi me socorreu e passou a fazer entregas na sua Doblô (único carro que comportava a nova quantidade de isopores), mas logo precisou ir cuidar do seu Sanduiche Grego que também cresceu depois do início da pandemia. Voltei a fazer as entregas de maneira inacreditável no nosso carro, enquanto procurava por outra pessoa com uma Doblô. Usei a influência da minha amiga Vanessa Santos que, além de "ter as manha" dos negócios gastronômicos, conhece todo mundo. Com a ajuda dela e indicação da Flávia, rapidamente apareceu o Daniel que passou a fazer as entregas. Mais uma vez dei uma respirada, porém ainda havia muito problema, pois terceirizar a entrega dependia de um certo patamar de venda. Se fosse abaixo de certo patamar, seria inviável pagar o Daniel e eu precisaria fazer as entregas, o que já era desumano no meu carro. Então, apesar da chegada do Daniel, existia uma tensão constante. A solução óbvia seria ter um carro que me permitisse voltar a fazer as entregas. Não só um carro onde coubessem todas as kombuchas, mas um que não me matasse...rsrs. Eu não vou entrar no detalhe da situação do nosso carro velho. Mas o adjetivo mais bonito que eu levei foi de maluco por fazer entregas naquelas condições. Como comprar um carro era e ainda é uma impossibilidade total, eu especulei recorrer à rede de amigos para fazer um financiamento coletivo ou uma grande venda antecipada de kombuchas para arrecadar a grana. Então fui conversar com meu amigo Claudio Oliver (que já usou o financiamento coletivo com muita transparência e maestria). Expliquei as muitas complexidades, falei que estava esgotado e que parar por cansaço seria uma questão de tempo. Na conversa me dei conta de que não eu conseguiria nada com o que eu havia pensado e o Cláudio veio com uma idéia mil vezes mais absurda do que as minhas. Ele disse que queria criar um fundo para ajudar pessoas em situação semelhante, que já tivessem algo funcionando, que fosse de natureza mais libertária, ecológica, inclusiva, algo que já produzisse riqueza e não apenas renda, que a atividade estivesse esgotada e sob o risco de acabar. Ele pediu que eu esperasse e foi amadurecer a ideia. Passados uns 15 dias o Cláudio já tinha não só o nome para a iniciativa (Fundo Emancipatório), mas já sabia quem eram as 4 pessoas a serem beneficiadas inicialmente, o cálculo de quanto seria preciso para começar a ajudá-las, e tinha, sobretudo, o apoio e confirmação de muitos amigos que toparam ser contribuintes. A ideia do Cláudio é que o fundo recebesse contribuições voluntárias de toda e qualquer pessoa que se entendesse suprida, agradecida pelo que tem, em condições e disposta a fazer sua vida se desdobrar em benefício para outras pessoas. Aqui eu vou parar de explicar demais. O fato é que o Claudio juntou uma galera pra fazer o bem e nós ganhamos um carro. Imediatamente viramos contribuintes do fundo que já começou a beneficiar quintos, sextos e sétimos...que passarão a ser contribuintes e beneficiarão oitavos, nonos, décimos e por aí vai. Um fluxo de bem sem fim movido por gratidão. Hoje voltou a ser possível fazermos nós mesmos as entregas sem a pressão terrível de atingir certo patamar de venda. Além disso, já conseguimos incluir um ajudador que passou a ter trabalho e kombuchas para levar para a sua família. O fundo emancipatório segue agora apoiando as demandas que aparecem e que são avaliadas por um grupo de pessoas antes de serem atendidas. É difícil dar a dimensão exata do alívio que ganhamos com esse carro, do nível de liberdade que as nossas atividades ganharam e das possibilidades de ir até pessoas que estão distantes e também precisando de um empurrão em suas tentativas emancipatórias e cheias de dificuldades. Durante esses últimos 11 anos com essa nossa tentativa de construir um modo de vida mais forte e com mais sentido, a gente tem recebido muito carinho, apoio e sobretudo algum nível de confiança de quem aparece e entende que procuramos ter amigos e não clientes. Então, meus amigos, considerem a possibilidade de participarem contribuindo com qualquer quantia e qualquer frequência (mesmo uma única vez) com esse Fundo Emancipatório. O Cláudio e a turma da Casa da Videira dispensam apresentações ou garantias de idoneidade. Estou deixando aqui link do vídeo onde o Cláudio dá explicações iniciais sobre o lançamento da idéia, que já era bonita, mas que já avançou e pode ficar mais ainda. Deixo ainda contato de email e dados bancários para o caso de poderem e desejarem contribuir.

Esse foi o relato do primeiro milagre feito por muuuuitas mãos. Depois escrevo sobre a segunda coisa inacreditável que aconteceu aqui esse mês de Novembro envolvendo a atividade agroflorestal.

Abraços 

Fundo emancipatório 
Associação Casa da Videira
CNPJ: 05038645/0001-37
BANCO DO BRASIL
Agência 1519-9
Conta corrente 12335-8 
Enviar comprovante para: 




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