domingo, 27 de janeiro de 2008

A fé de Paulo é no amor de João

“Por meio Dele e por causa do Seu nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que vem pela fé.”

Apostolado é a missão do apóstolo.
Apóstolo é o que apostola.
Apostolar vem do latim Apostolare e significa “pregar” ou “evangelizar”.
Evangelizar é anunciar o Evangelho.
O Evangelho é a Boa Nova.
A Boa Nova é Cristo.
Apostolado, então, é a missão de quem anuncia Cristo.
E pelo amor de Deus, anunciar Cristo não é anunciar riquezas materiais ou vitórias financeiras atreladas a Ele. Se fosse assim Ele e os seus não teriam morrido como morreram.

Segundo Paulo essa missão é recebida (recebemos graça e apostolado). Já que é recebida, significa que se não for dada não se tem. Logo ele tem não porque foi atrás, tem porque foi dada, de graça.

Um pensamento contrário, como os que se ouvem aos sábados pela manha na TV, para ter embasamento em Paulo, precisaria mudar algumas coisas na frase do apóstolo que ao invés de ficar assim:

“Por meio Dele e por causa do Seu nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que vem pela fé.”

ficaria mais ou menos assim:

“Por meio de mim e por causa do meu nome, CONSEGUI merecimento e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que vem pelo medo.”

Sendo emprenhado pela graça expressa por/em Paulo - a mesma graça que emprenhou Maria - e abortando o anticristo gerado pelo merecimento, é simples perceber que se é Por meio Dele então é Ele quem dá porque é Dele que vem, e se é por causa do Seu nome então a causa não está em nós. Por isso é que RECEBEMOS... porque é de graça, se fosse por merecimento nós CONSEGUIRÍAMOS, como resultado de um esforço. Considerar que se pode agradar a Deus por um esforço próprio e considerar que o que se tem foi CONSEGUIDO e não RECEBIDO é negar o fato de que Ele dá porque quer, pela sua graça. E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça. (Romanos 11.6).

Para Paulo o que recebemos não é qualquer coisa que possa ser consumida e depois acabe. Pelo contrário, é algo que quanto mais é consumido maior fica, nos consome, não cabe em nós, é incabíve!!!. É dito até que, de tão grande, excede a todo entendimento, e por não caber em quem recebe é que alcança tão loooonge, alcança outros dentre todas as nações.

Desse modo o recebedor não tem controle sobre o recebimento e nem sobre o alcance do que lhe foi dado.

Tão inconcebível quanto impedir esse alcance de acontecer é considerar que ele acontece como resultado de um esforço feito por obrigação.

Ora, Paulo diz que a razão de ser disso que nos foi dado é o alcance que isso tem em outras pessoas, é chamar outros para uma obediência. Não qualquer obediência, não é encabrestamento.

Felizmente existe gente séria pregando a graça de Deus e suas implicações. Em “Religião, uma bandeira do inferno” o pastor Glênio Paranaguá diz: “Obediência obrigatória é coerção”. Essa é uma das implicações da graça. O que conhecemos como obediência pode nascer de qualquer coisa menos da confiança de que o que foi proposto foi proposto por amor. Em qualquer situação cotidiana se obedecemos, fazemos isso por qualquer coisa menos por acreditar, amar, confiar e descansar. Desde pequenos nossa obediência nunca foi por confiança (FÉ) e hoje continua não sendo. Não vemos amor na proposta, no que ela gera em nós e muito menos no que a partir de nós ela gera nos outros. Assim, sé há obediência é pela via do medo, a nossa confiança é uma certeza de uma palmatória a espera de quem rejeita a proposta. Tendo isso em vista, se faz necessário primeiro ver um exemplo de quem um dia obedeceu por amor para, só então, dizer que tipo de obediência é essa que Paulo fala.

João, citado como o discípulo a quem Jesus amava, escreveu dizendo que quem não ama não conhece a Deus porque Deus é amor e escreveu um pouco mais até dizer que no amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. João só pôde dizer isso porque soube o que é ser amado, e assim (amado) ele reconstrói o parâmetro que serve de comparação para explicar o tipo de obediência para a qual somos chamados. A obediência de Paulo que vem pela fé.

Ops...mas aqui João falou de amor e de medo, não de fé!

Simples!

A obediência de Paulo vem depois da fé, depois que se crê que é assim como ele disse. Que tudo o que vem, nós recebemos (e não conseguimos); que vem de Cristo (e só vem por causa Dele, por causa de nós não viria nunca); que a causa é Ele; o meio é Ele e que tudo isso acontece para que o alcance também seja Ele! Porque Ele é a causa (início), o meio (caminho) e o alcance (fim).

Assim, acreditar no que Paulo fala é acreditar no amor de Deus em Cristo.
A fé de Paulo é no amor que faz João se perceber como filho amado.
A fé de Paulo é no amor que João diz expulsar todo o medo.
A fé de Paulo é no amor que não supõe castigo.

A fé de Paulo é no amor de João.

As obras (e obediência) sucedem a fé (A Videira Verdadeira que nos diga), embora a fé que não produza obras de amor esteja morta (Tiago que nos diga).


hugo lucena theophilo


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