Domingo dia 01/06 na Casa do Caminho falei sobre a escolha do homem por uma nova mentalidade que passa a ver tudo com olhar condicionado pela dicotomia. A gente não percebe, mas o novo olhar (o olhar caído) que agora enxerga tudo sob o prisma bem/mal, melhor/pior, é o produto da chamada queda. A dicotomia é a mentalidade caída! E tudo o que vem depois só mostra quão ridículo é e será viver tomando decisões de acordo com essa mentalidade. A começar pela primeira escolha que é a de cobrir-se, seguida da escolha por esconder-se atrás de árvores. Escolhas pelo que os novos olhos consideram ser bom, já indicando uma ponta de religiosidade que começa a vincular a aceitação diante de Deus com tais escolhas “certas”, daí o medo que faz Adão esconder-se. Medo de não ser aceito pelado! Afinal, agora, ficar pelado não é “bom”! Medo de ser punido, afinal ficar pelado, agora, é errado!
Sim! O homem passa a ser como Deus, conhecedor do bem e do mal, mas quem nos enganou dizendo que isso gera em nós alguma coisa diferente de morte?
"De toda árvore do jardim comerá livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerá porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás", ou seja, “não queira viver com esse conhecimento, pois certamente você morrerá!”
Quem nos enganou dizendo que isso era uma promessa de castigo?
Mesmo a sentença de Deus ao homem (agora que ele enxerga as coisas assim) sendo: “Maldita é a terra por sua causa!”, quem nos enganou dizendo que isso foi punição de Deus?
Agora que o olhar é esse a terra é maldita.
E enquanto o olhar for esse a terra será maldita. Isso não é castigo ou punição. Isso é a condição inevitável de se viver com olhos cobertos pelo véu da dicotomia. Olhos que, atribuindo significado àquilo que enxergam, têm agora a capacidade de atribuírem o mal!
Maldita é a terra por causa do seu olhar!
A primeira grande manifestação de morte causada por essa mentalidade está em Caim, quando este mata Abel que, apesar de viver com o mesmo e inevitável paradigma da dicotomia, não atribuía sua aceitação diante de Deus a essa condição, não vinculava o fato de Deus o aceitar às suas escolhas certas, ao contrário, tinha um coração grato, sabia que era aceito porque Deus é Deus e não porque Abel é Abel. O coração de Abel não trabalhava como o de Caim que buscou ser aceito por suas escolhas pelo que é bom, certo, melhor, maior.
Em Caim está a primeira grande manifestação do espírito religioso! Que mata o não-religioso!
Se em Adão “a terra é maldita por sua causa”, em Caim “maldito é você pela terra”!
Ora, isso é um ciclo que inicia por causa de uma escolha e fica infinito por causa de sua conseqüência!
Falei ainda das tantas manifestações do espírito de Caim no novo testamento e dos que chegavam para Jesus querendo saber sobre o Reino de Deus, mas cheios de referências terrenas. Tudo fruto da mentalidade nova, caída, de morte. Os exemplos são muitos: a pergunta sobre quem é o maior no Reino, o irmão do filho pródigo, os trabalhadores da primeira hora, o fariseu que convidou Jesus para comer em sua casa, etc.
E conclui falando sobre a maneira como Jesus respondia a todos, sempre subvertendo os parâmetros terrenos, dizendo que o Reino do pai não era como pensavam. E que o amor subversivo de Deus mostrado por Jesus é a única maneira de viver com o inevitável paradigma da dicotomia sem ser escravo dele.
hugo theophilo
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