segunda-feira, 12 de julho de 2010

Condenado por Calvino

A imaginação não gera insanidade. O que gera insanidade é exatamente a razão. Os poetas não enlouquecem; mas os jogadores de xadrez sim(...)

Apenas um grande poeta inglês enlouqueceu, Cowper. E ele foi definitivamente levado à loucura pela lógica, pela repulsiva e estranha lógica da predestinação. A poesia não foi seu mal, foi seu remédio. A poesia preservou-lhe em parte a saúde. Às vezes ele podia esquecer-se do rubro e sequioso inferno, para o qual seu hediondo determinismo o arrastava em meio às águas caudalosas e as grandes e achatadas flores aquáticas do rio Ouse. Ele foi condenado por João Calvino; e quase foi salvo por John Gilpin.

Em todas as partes vemos que os homens não enlouquecem sonhando (...) E embora João, o evangelista, tenha visto monstros estranhos em sua visão, ele não viu nenhuma criatura tão louca como um de seus comentadores. O fato geral é simples. A poesia mantém a sanidade porque flutua facilmente num mar infinito; a razão procura atravessar o mar infinito, e assim torná-lo finito (...) O poeta apenas pede para pôr a cabeça nos céus. O lógico é que procura pôr os céus dentro de sua cabeça.

Chesterton

18/01/10


2 comentários:

Unknown 18 de janeiro de 2010 às 18:07  

Só pra descontrair e aproveitar o clima carnavalesco:

"Minha poesia atrevessou o mar e ancorou na passarela [...] Será que eu serei o dono dessa terra?"

Abração, meu mano.

Hugo Lucena Theophilo 19 de janeiro de 2010 às 10:07  

hehehe...pois é...quem pensa atravessar o mar do infinito pensa também ser o dono da terra...rs

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