Paulo no divã de Deus: superego superado.
O superego é justiça própria. A necessidade de punição gerada por ele é auto justificação.
"Miserável homem que sou" e "dos pecadores eu sou o principal" são o sentimento de culpa gerado pela agressividade do superego com relação ao ego.
"esmurro o meu próprio corpo" é esse sentimento se manifestando em necessidade de punição. Senão em Paulo, pelo menos nos casos clássicos de auto-flagelo.
"...a necessidade de punição constitui uma manifestação instintiva por parte do ego que se tornou masoquista sob a influência de um superego sádico." (Freud)
"...vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros" é a libido que, segundo Freud, é o que está por trás de tudo.
Se isso faz sentido, se podemos identificar em Paulo esses processos mentais gerados pela libido, que vão de superego a auto-punição, passando por sentimento de culpa, podemos ver no mesmo Paulo uma superação desses processos; uma superação do superego (se é que isso existe).
Lembrando que a superação da penúltima coisa não a extingue (Bonhoeffer). Vide a Graça, que supera a Lei sendo o fim da tentativa de justificação por meio desta, mas não a extingue (não vim abolir a Lei). Vide os estágios de Kierkegaard (Estético, Ético e Religioso), com um sendo a superação do outro, mas não a extinção. Ou ainda vide os estágios de felicidade de Chardin (centrar-se, descentrar-se e sobrecentrar-se) nitidamente evoluções e superações, mas que não excluem o estágio anterior.
Mas voltando, eu pensei em Paulo superando o superego pelo seguinte:
O "Miserável homem que sou" é um primeiro salto. Ainda existe o sentimento de culpa autoproduzido, mas já reconhece fora de si a justiça: "Graças a Deus por Cristo Jesus" e "já não há condenação..."
E o "...em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor" é a plena superação do superego: ausência da necessidade de justiça que vem de si, como no caso anterior (quem me julga é o Senhor), e ausência da culpa autoproduzida (em nada me sinto culpado).
"O verdadeiro reconhecimento de culpa não nasce das experiências de dissolução e decadência, mas para nós, que nos encontramos com a forma de Cristo, somente face a ela mesma." (Bonhoeffer)
Consciência de culpa só a que nasce diante de Cristo: "E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador."
Talvez seja isso...talvez seja isso.
A Graça é a superação do superego: "em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor".
Enfim...pensei nessas coisas mais rápido do que consegui escrever.
Não tive a intenção de ser coerente...apenas estava pensando.
hugo
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7 comentários:
Pode não ter tido a intenção, mas, "bota" coerência nisso! É uma pérola da filosofia, revelada pelo Espírito Santo, com certeza!
Abração e Paz!
Mano tá cada vez mais difícil acomopanhar você e este povo do Maracanaú,
Fico imensamente feliz por vossa compreensão
Abraços
Muito bom teu texto cara!!! Que insight incrível!!!!
E o lance é escrever mesmo... Não se preocupe com questões de coerência...
Há, já que vc postou lá embaixo uns textos do Carlos queiroz, acabei de resenhar um livro dele lá no meu blog! O livro "as faces de um mito" que é a biografia do pai dele...
abraço
Caro Hugo, se o ego e/ ou o superego que são áreas que determinam todo o processo de convencimento que damos as nossas convicções e extrapolias, e por conseguinte, ali nos punindo ou nos justificando.
Nessas áreas com certeza não têm lugar para a consciência do pecado.
Quando Freud, afirma que "...a necessidade de punição constitui uma manifestação institiva por parte do ego...". Nessas áreas não somos confrontados pelo pecado, estamos acima dele, a soberba exarcebada, unida a prepotência do agir e domínio das circunstâncias, não nos permitem contemplar nossas culpas, ali operam o amor total a nós mesmo, não temos sensibilidade para rastrear iniquidades em nós. Ora então desde já, entendemos que quando o homem que contempla suas mazelas e as expõem, é sua alma que está se expondo e revelando sua necessidade do resgate da parte Seu Criador, isso só revela quando o Espírito Santo age na vida do ser humano, e o convence que estas mazelas estão ali entranhadas, e que precisam ser punidas, custou o sacrifício de Jesus.
Como poderá, fruir em nós os mesmos sentimentos que haviam em Jesus, se nós não vivermos as situações de deserto que Ele passou? Quando Paulo, afirma não FORA DE SI: GRAÇAS A DEUS QUE NOS DÁ A VITÓRIA EM CRISTO, mas completamente dentro do seu próprio entendimento, porque o ego e superego não são sujeitos à restauração, ali habita a fonte do erro, do pecado, lugar de morte. Com isso entendemos que não existe superação destas áreas, e sim punição a elas, estão cravadas na Cruz.
Quanto a batalha que Paulo travava não se aplica "somente" ao libido, mas a toda nódoa de perversidades que existem dentro de nós, somos corruptos e corruptores. Portanto essa batalha é contra as hostes celestiais que invadem os lugares sagrados em nossa alma, e tentam nos subjulgar, o libido tem sua contribuição no processo, mas não só ele.
O ego e o supergo não são afetados pelo libido, eles tratam exclusivamente se minhas possessões continuam intactas, ou se as estão saquendo. Ou seja, entro em pânico por estar perdendo o absolutismo do "poder onisciente".
E isso meu caro irmão não é filosofia, é psicanálise.
Louvo ao Senhor pela sua busca, e espero em Cristo que a plenitude de Deus se manifeste na sua vida na simplicidade do Evangelho, Cristo em nós, poder de Deus.
Somos do Senhor, bjs.
Wilson, meu irmão. Você escreve em algum blog? Abração.
Meu caro, estou ainda aprendendo os segredos da informática. Estou montando um blog, mas não tenho nada postado, pois ainda não sei como operar. Chama-se "A Terceira Visão".
Somos do Senhor,bjs.
Que isso mano, brincou hein!
Ótimas reflexões cara. Gostei muito. Beijos.
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