Nossas seitas
Grupos fechados são encontrados não apenas em círculos religiosos e terapêuticos, mas também no mundo político, entre militares, companhias multinacionais, hospitais, escolas - todos aqueles locais onde as pessoas trabalham juntas. Em muitas organizações espera-se que os indivíduos sigam alguns regulamentos; há normas dirigindo o comportamento. Todo agrupamento bem-sucedido de pessoas com um propósito comum tem um conjunto de princípios articulado, uma visão, uma missão determinada. Uma ideologia, às vezes. Em tais sistemas, os indivíduos não são muito encorajados a pensar por si mesmos. Esses sistemas encorajam a total obediência, coesão e eficiência; são ajustados para obter, impor e manter o poder para cumprir a missão, a qual pode ser filantrópica ou comercial. Tais grupos. que se tornaram uma espécie de unidade básica na nossa sociedade, insistem mais na conexão, na coesão e na unidade de grupo do que no crescimento dos membros individuais para a liberdade interior ou parar servir os outros. Aqueles que os abandonam são vistos como infiéis; aqueles que questionam a autoridade, como rebeldes.
Talvez o exemplo mais extremo dos grupos fechados seja o que chamamos de seitas. As seitas são, de inicio, sedutoras e atraentes para as pessoas muito solitárias e inseguras, mas uma vez que renunciam à sua liberdade e consciência pessoais, essas pessoas experimentam um medo terrível de deixar o grupo. Fora delas (seitas), poderiam cair em uma solidão, insegurança e angústia ainda maiores.
Menciono as seitas porque, embora a maioria de nós abomine as manifestações mais extremas e óbvias das seitas, podemos estar cegos às seitas inóquas que fazem parte da sociedade. Nossos locais de trabalho, por exemplo, podem se tornar uma espécie de seita, onde temos de sacrificar nossa consciência pessoal para manter nosso emprego, ter um bom salário, conquistar uma certa segurança. Precisamos ser vigilantes em qualquer situação onde seja necessário obedecer cegamente. A rigidez, uma exigência da conformidade ideológica dentro do grupo, raramente é necessária; ela não é, na minha opinião, sinal de um grupo saudável. Não só isso, mas o preço que pagamos, como sociedade, na repressão do crescimento individual e na depreciação da criatividade individual, é alto demais.
Jean Vanier
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1 comentários:
Vigilância para quebrar tudo, de dentro para fora.
E como disse o Brega, em nssoa última conversa, se te fizer bem fale alguma coisa, se perceber que o deseja ouvir.
A unidade e diversidade precisam caminhar juntar.
abs
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