segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Profecia linda

Um adulto leigo, ordenado para exercer o ministério, presidirá à comunidade cristã "normal" do futuro. O ministério será antes uma ocupação para as horas de lazer que uma profissão. A "diaconia" substituirá a paróquia como unidade institucional básica da Igreja. O encontro periódico de amigos assumirá o lugar das assembléias dominicais de estranhos. Um dentista autônomo, um operário de fábrica ou um professor serão preferivelmente incubidos de presidir a essa assembléia, em lugar de um amanuense ou funcionário, empregado da Igreja. O sacerdote será um homem amadurecido na sabedoria cristã pela participação durante toda a sua existência numa liturgia íntima, mais do que o graduado de um seminário, com formação profissional conquistada através de fórmulas "teológicas". O casamento e a educação dos filhos que vão crescendo, em vez da aceitação do celibato como condição geral para a ordenação, é que hão de lhe conferir uma condição de liderança responsável.

Antevejo a reunião de famílias ao redor de uma mesa, em lugar do comparecimento impessoal de uma multidão ao redor de um altar. A celebração é que santificará a sala de jantar, em vez dos edifícios consagrados santificarem a cerimônia.
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A imaginação eclesiástica de nossos dias ainda não tem condições para definir esta nova função — o padre leigo, o padre dominical, o sacerdote secularizado ou em regime de tempo parcial, o não-clérigo ordenado.
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Ele próprio não tem prerrogativas especiais, nem rendas ou posição social que precisem ser preservadas. A vida cotidiana não foi determinada em função de sua qualidade sacerdotal. Esta última é que teria sido caracterizada pelas suas responsabilidades seculares.


Ivan Illich, esboçado em 1959, publicado em 1967 e em 1970 em "Celebração da consciência"


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