quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

As crianças - Um sonho e duas árvores

...

Mas que diacho! Que tenho eu com aquele homem? Por que aquelas palavras me perseguem? E por que só a mim se tantos ouviram?

Deitado e perdido em pensamentos adormeceu. Viu de súbito duas árvores à sua frente. Uma era árvore comum, frutos e folhas comuns que serviam para saciar os desejos que nasciam de parto normal, sem disfarces, nem seduções — fome, por exemplo.  Essa árvore estava numa estradinha estreita, extremamente irregular, cheia dessa vegetação que nasce sem ninguém plantar e que serve, dentre outras coisas, para machucar os pés de quem passa. Estradinha bem imprevisível, o que se notava ao avistar a primeira curva. A outra árvore dava a impressão de ser maior. Sedutora, parecia oferecer o que não tinha. Seus frutos pretendiam saciar esses desejos produzidos artificialmente e que só nascem com a ajuda de fórceps. Essa árvore estava numa estrada larga, plana, limpa e reluzente que, por se tratar de uma linha reta, era previsível até se perder de vista. Nela não parecia haver surpresas. "Estrada sem variáveis. Boa pra quem tem prazo a cumprir, hora pra chegar!", pensou! Olhando para trás percebeu que chegara até ali vindo por ela.


--
hugo lucena theophilo

"Aprender ou mais tentar" - Toninho Horta


0 comentários:

  © Blogger templates The Professional Template by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP