segunda-feira, 19 de março de 2012

Como posso dialogar?

Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo
(...)
Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo.

Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade. A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam permanentemente, não pode ser um ato arrogante.

O dálogo, como encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade.

Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim?

Como posso dialogar, se me sinto participante de um "gueto" de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são "essa gente", ou são "nativos inferiores"?

Como posso dialogar, se parto de que a pronúncia do mundo e tarefa de homens seletos...?

Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela?

Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho?

A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que não têm humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é capaz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar do encontro com eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais.

Paulo Freire


2 comentários:

Romildo lima 19 de março de 2012 às 11:36  

da pra entender o que Paulo freire quis dizer neste escritos. mais amar o mundo tem que ter sua interpretação de acordo como quem sabe o que é mundo...digo isto por nós dicipulos de Cristo que não amanos o mundo...

Hugo Lucena Theophilo 20 de março de 2012 às 07:46  

O mundo que não devemos amar não é esse do qual somos feitos!

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