segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Sobre ilusões messiânicas e micro-salvamentos

"Uma vez perguntaram se eu não achava que as minhas iniciativas operam numa escala micro (demais) diante de um mundo que pede iniciativas em escalas tão maiores (macro). As demandas macro continuam me deprimindo. Diante delas só constato a minha incapacidade. Não consigo impedir o aumento da temperatura global; não consigo anular a divisão de classes no país; não consigo impedir a administração irresponsável do Estado com a água; não consigo impedir chacinas na minha cidade; não consigo diminuir o lixo na minha rua. Eu só consigo consumir menos; comer na mesma mesa e a mesma comida que a diarista; usar menos água; conter a minha violência; diminuir a minha emissão de lixo. Eu mal consigo fazer o que é possível". 

"Diante dessas perguntas que NOS fazem somente duas constatações: Não somos o Deus que as pessoas gostariam que fôssemos, Nem nos portamos como os deuses que aqueles que tentam dar conta do macro pensam que são. Esta é uma questão de papeis: Na ordem criada, Deus se propôs a dar conta do macro e nos deu a oportunidade de cuidarmos e darmos conta do micro: nossa vida, nosso jardim e uns dos outros. O Pecado foi inverter essa ordem, que se manifesta no desejo fantasioso que temos de que Deus dê conta de nosso micromundo (nossas relações, nosso trabalho e nossos jardins) para o que temos total liberdade e capacidade de cuidar, e insistimos que Ele fique fora enquanto cuidamos do macrocosmos, do espaço, das nações que criamos, dos segredos ocultos da ciência e das grandes demandas do planeta"


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hugo lucena theophilo
http://hugotheophilo.blogspot.com
"Cada um de nós, e cada um dos grupos em cujo seio vivemos e trabalhamos, deve se tornar o protótipo da era que desejamos criar." - Ivan Illich


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