Sobre tempos, corpos e travessias
Trocando minimamente o carro pela bicicleta, tenho experimentado uma relação diferente com o tempo. Eu já sabia na pele que o automóvel é um instrumento facilitador do contexto fast-tudo, onde o tempo devora os corpos, onde Cronos exige que os corpos se apressem. De bicicleta (ou autopropelido) a relação com o tempo muda um bocado, ela meio que inverte e o corpo é quem impõe os seus limites ao deus Cronos. O tempo que o relógio marca perde força. O corpo passa a conhecer o espaço por onde passa e a se relacionar com ele. E o deslocamento adquire uma importância que não tinha. A travessia, mais do que a chegada, se mostra prazerosa.
--
hugo lucena theophilo
http://hugotheophilo.blogspot.com
"Cada um de nós, e cada um dos grupos em cujo seio vivemos e trabalhamos, deve se tornar o protótipo da era que desejamos criar." - Ivan Illich
Tweet
0 comentários:
Postar um comentário