terça-feira, 3 de outubro de 2017

Sobre ganhar o mundo e perder a alma


Quando desejei sair do emprego foi pra não perder a alma. Hoje, com muita frequência recebo sugestões para crescer, aumentar a produção e distribuição das coisas que faço. Rejeito sistematicamente todas. As coisas que faço e eventualmente vendo, não faço pensando em atender um nicho de mercado. Não desenvolvo nada aqui que não sejam tentativas de atender as minhas próprias demandas e meus anseios por mais qualidade de vida. Quando, eventualmente, vendo alguma dessas coisas, é só porque alguém também as desejou e pediu. Atender demandas de mercado, fazer o pão que a maioria quer e pede, me levaria a aumentar produção, a precisar de mais carro, mais trânsito, mais combustível, mais tempo fora de casa, de embalagem plástica, de rótulo, de conservantes, anti-umectantes, anti-mofo, etc...e tudo isso porque o pão deixaria de ser pão e viraria mercadoria, produto de prateleira. Então, me deixa aqui com o meu pãozinho feito em pequena escala, entregue na porta da casa dos amigos e em sacola de papel kraft feita aqui mesmo e desenhada pelo caio...porque de outro modo eu perderia a alma.

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hugo lucena theophilo
http://hugotheophilo.blogspot.com
"Cada um de nós, e cada um dos grupos em cujo seio vivemos e trabalhamos, deve se tornar o protótipo da era que desejamos criar." - Ivan Illich


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